quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Tempos

Que pálida e inerte luz é esta
Repelindo-me na cruzada do amanhecer,
Abrir os olhos tão contrariado
Para um mundo condenado a falecer?

E estas nuvens negras no horizonte
que despertam o pessimismo no coração do mais destemido herói
Rendendo assim com tanto medo perante
A ira da fortuna sábia e relutante?

A maré celestial parece furiosa
como se as nuvens se soltassem bravas,
revoltadas com o destino a que foram forçadas
sem oportunidade para quererem ser salvas?

Oh pasto, que é da alegria?
Do fulgor da erva devorar e da liberdade sentir?
Das abelhas atarefadas a transportar
Aquilo que o gigante gosta de tirar?

E o silêncio, a noite e a alvorada,
A pura contemplação do nada,
Que em tempos fora tudo
E agora não passa apenas
De um Deja vù do invertido futuro?

E a filha e a mãe,
E O rapaz e o pai,
E Os netos e o avô,
A suave tradição da vida herdada

Que se passou?
Quem adivinharia,
Tudo de pernas para o ar
Nesta realidade que não passa de romaria.

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